MINAS NOVAS

 

ENTREVISTAS

Alino Rodrigues de Souza, Tila Rodrigues de Souza, Elias Alves Pires - No cruzamento de festas e danças populares com a cruel falta de água, a Comunidade de Capoeirinha vai construindo sua história de luta e alegrias. Festa do Divino, dança do Nove, Roda, Batuque, Vilão, tudo vira motivo para celebração, seja festa religiosa ou encontro informal com os amigos. O pessoal mais novo parece não estar muito engajado nas tradições, mas se depender dos mais velhos as manifestações culturais serão mantidas.

O outro lado da moeda é a falta de água, queixa constante em toda região. Atualmente, a comunidade de Capoerinha tem cerca 45 famílias, número bem menor do que já teve, em tempos passados. Era época diferente, quando o córrego chamado Capoeirinha transbordava de vida. “Cansei de ver meu pai cortando arroz com água no joelho, batia 30 sacas de arroz, mas secou tudo”, lamenta Elias Alves Pires. Ele comenta que a comunidade tinha dois poços artesianos, mas um secou. Sonha com a ideia da construção de uma barragem para distribuir água para todos ali.

 

 

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José Henrique Mota Barbosa - A história de nascimento e estruturação de Minas Novas não pode ser contada sem a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Foi a partir dela que o município se desenvolveu, sendo credenciado rapidamente e passando de arraial para vila, tal potencial de riquezas que a região tinha, e depois a denominação de Minas Novas.

Se os bandeirantes paulistas iniciaram o povoado, foram os negros bantos trazidos da África que potencializaram a mineração do ouro e a espiritualidade do Rosário, conhecimento e devoção que já traziam de seu continente de origem. Segundo José Henrique Mota Barbosa, provedor da Irmandade do Rosário, em Minas Novas, “os portugueses ficaram dois séculos aqui, ou mais, pisando no ouro sem saber que existia. Depois, os bandeirantes paulistas vieram para cá e trouxeram os escravos africanos que já mineravam em sua terra de origem; eram mestres”, consolidando a prosperidade aurífera da região.

Esses novos habitantes também trouxeram a devoção à Nossa Senhora do Rosário e fortaleceram a Irmandade. A lei imperial vigente determinava que, sem uma confraria, não era possível criar uma vila, já que vivíamos o período do padroado. “A Igreja era o Estado, e o Estado era a Igreja", lembra Barbosa. Apesar de outras duas irmandades terem se desenvolvido na cidade, apenas a do Rosário permaneceu forte e foi responsável pela consolidação do desenvolvimento da região, e isso graças à espiritualidade vinda dos trabalhadores africanos. Um legado importante e nem sempre reconhecido, ainda hoje.

 

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Geralda Martins Pereira, Carlota Xavier Martins e Agostinho Alves Macedo - A Banda de Taquara, na comunidade de Bem Posta, no município de Minas Novas, é patrimônio da região. Costuma estar presente nas festividades da sua comunidade e nas cidades vizinhas. Foi originada de outra comunidade, mas ganhou fama em Bem Posta e nem seus componentes sabem dizer a idade aproximada do conjunto. Em 1992, seu Agostinho, um dos depoentes, conseguiu registrar a banda em cartório. É ele quem conta um pedaço da história e mantém o grupo unido. Também são dona Geralda e dona Carlota, outras duas protagonistas da história da instituição, que dão seu relato de lembranças vividas. Memórias de um tempo saudoso que a comunidade se esforça para não ser esquecido.

 

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Maria de Fátima Figueiredo e Maria Natalina de Oliveira Carvalho -  Em Minas Novas, a devoção a Nossa Senhora do Rosário atravessa gerações. De fato, a própria Irmandade do Rosário tem sua história diretamente ligada ao desenvolvimento e personalidade da cidade. Momento mais esperado do ano, o mês de junho celebra a santa, reunindo toda a diversidade cultural do município e região. Entre nobreza e devoção, o papel das rainhas da festa é descrito com paixão. Maria de Fátima já é a terceira geração da família diretamente envolvida com a festa. Seu avô, José Boaventura, compôs as ladainhas que até hoje cantam na igreja. Sua mãe, não por acaso, Maria do Rosário, junto das irmãs, cantaram as primeiras novenas da festa na cidade. Também profundamente devota, Maria Natalina credita sua paixão à fé na santa e a continuidade da tradição familiar, que aprendeu com a mãe.

 

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Mestre Antônio (Antônio Luiz de Matos) - Mestre Antônio é referência na arte da luteria de tambores e caixas na região de Minas Novas, e sua fama já alcançou terras bem mais longínquas que a região do Vale do Jequitinhonha. Foi reconhecido como mestre artesão luthier, em fevereiro de 2001, pela Fundação Artística de Ouro Preto, a FAOP, por mérito e técnica de passar por tantos anos seus ensinamentos pelo método da oralidade, transmitindo o que aprendeu com seus ancestrais. Dentre eles, Mestre Antônio destaca a figura de seu avô, Artur Barreiro, que dedicou sua vida na feitura dos tambores, agrupamento de músicos e de quem herdou as ferramentas para o trabalho de luteria. Nascido em 1943, suas histórias e pensamentos perpetuam a cultura pulsante do Vale do Jequitinhonha, que passam pelas festas religiosas, ritos, lendas e costumes.

 

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Rosarinha Coelho (Maria do Rosário Coelho Mota)  - Um poço encantado de histórias, Maria do Rosário Coelho Mota, conhecida como Dona Rosarinha, hipnotiza quem a escuta com seu jeito doce de desfiar um fino novelo de causos sobre Minas Novas. Nascida em plena Festa do Rosário, neta de vó negra, estudada, desde muito pequena observa e relata acontecimentos da cidade. Representa muito bem o sincretismo de povos da cidade, já que tem parentesco direto com negros, índios e portugueses. De sua visão humanística saem histórias que solidificam e perpetuam a cultura viva de Minas Novas. Possui em casa um acervo precioso de artesanato local que estão diretamente ligados aos costumes, modo de viver e festejos da região. Representações locais fiéis como as cenas das “viúvas de maridos vivos”, série que mostra a dura realidade dos maridos que precisam buscar emprego longe e deixam as mulheres logo em seguida do casamento, com filhos, casa e trabalho para cuidar.

 

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Sebastião Soares Pereira, Maria Rodrigues de Souza Soares, Domingos Ramos Soares -  Nos relatos dos moradores da comunidade de Sabará, chama a atenção a insistência no tema da falta de água. Afinal, eles viveram tempos de mais abundância quando o rio Sabará alimentava tudo: terras, hortas, animais e famílias. Mas não se deixam abater e trabalham até hoje, apesar da idade, como atesta seu Domingos. “Eu vivo da roça até hoje. Ainda mexo com milho e tenho duas vacas. Mas agora não tem capim para elas, então, preciso comprar uma raçãozinha, e vamos levando a vida.”

Dona Maria também traz suas lembranças de um tempo mais farto. “Na época do meu pai, eu lembro dos canaviais. Tem vezes que olho e penso que foi um sonho. Antes tinha jambeiro, laranjeira, mangueira. A gente apanhava jambo assim por cima das casas”. Por conta da falta de água, até as manifestações culturais se esvaziaram. “Na Festa do Divino, antes chegava aquele tanto de gente na sua casa. Rezava o terço, depois cantava o Nove, dançava Roda. Agora, tem vez que chegam três pessoas, um com a caixa, outro recebendo o dinheiro e outro para o Divino Espírito Santo.”

 

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